segunda-feira, 29 de agosto de 2016

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Time out - funciona mesmo?


Quando no teu trabalho te enganas a fazer alguma coisa, como te sentirias se a tua chefia te dissesse: vai para o teu gabinete, senta-te na tua secretária durante 20 minutos e pensa no erro que fizeste e nas consequências que isso teve. Como é que isso te faria sentir? Ajudar-te-ia a ultrapassar a situação procurando alternativas ou intensificaria o teu sentimento de vergonha, medo, incapacidade, tristeza ou zanga?

Quando dizemos a uma criança pequena, agora vai para o teu quarto (ou para aquele canto) e pensa no mal que fizeste, será que ela tem de facto a capacidade de ponderar de modo objectivo no que fez, em como o podia ter evitado, como poderá ultrapassar a situação?

O time out, tantas vezes utilizado por pais e professores, é certamente uma medida mais positiva do que a agressão física, mas será que é uma ferramenta eficaz quando queremos uma melhor colaboração da criança? Ou para ajudar a acalmá-las em situações de confronto ou stress?

- Estudos indicam que a criança pequena não tem a articulação mental necessária para este processo de reflexão que lhe queremos exigir
- O time out não ajuda a criança a regular as suas emoções. Na maior parte dos casos acalma-os porque as reprime
- A criança em time out dificilmente reconhece o seu erro ou comportamento. Na maior parte das vezes vai-se sentir incompreendida e fica na defensiva
- O time out pode ajudar a que a criança se sinta uma má pessoa que merece ser castigada
- No time out a criança sente-se mais sozinha e por isso também menos apta a colaborar connosco
- O time out não ajuda à resolução do problema em si e ao encontro de alternativas e soluções

A intenção do time out é muitas vezes positiva: um tempo e "terreno" neutro, fora da situação provocadora, que permita à criança acalmar-se. Mas será que é isso mesmo que acontece?

Da próxima vez que tiver uma situação desafiante com o seu filho e pensar em utilizar o time out, desafio-o a experimentar o "time in". Afaste-o da situação para um local mais neutro e calmo. Experimente dar um abraço. Ouça-o. Ajude-o a acalmar-se. Ajude-o a entender que pode expressar as suas emoções de um outro modo. E a encontrar alternativas e soluções.

Sei que é desafiante. Sei que parece que estamos a aceitar que ultrapassem os limites e a concordar com o comportamento inadequado. Não estamos. E eles entendem. E vai sentir o resultado. Experimente :)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Broken window, broken heart


O Diogo jogava à bola nas traseiras da casa. O sol convidava a actividades no exterior e não foi preciso muita insistência para o conseguir arrancar dos jogos electrónicos e aproveitar que o primo estava em casa para jogarem futebol.

Passado 20 minutos ouço um vidro a partir-se! Fiquei furiosa! Avisei-os para terem cuidado e não jogarem perto de casa e ainda assim o Diogo conseguiu partir o vidro da sala!

Opção 1 - Grito com ele, digo que o avisei antes. Fica de castigo e não joga jogos electrónicos durante uma semana!

Opção 2 - Conversamos sobre a situação. Analisamos a consequência e discutimos soluções. O Diogo sugere participar na compra do vidro com o dinheiro que tinha juntado para o próximo jogo. Sugere ainda que numa próxima oportunidade joguem no campo de jogos do bairro.

Resultado da opção 1: vidro partido, coração partido. Corta a iniciativa, gera medo, zanga revolta.
Resultado da opção 2: a noção de que temos que assumir as consequências dos nossos actos; de que toda a actividade que faço pode ter consequência no outro; de que todo o erro tem solução

O que quero ensinar aos meus filhos? O que quero que eles retenham? Aceito os erros que os meus filhos cometem e dou-lhes oportunidade de corrigir? Ou castigo e corto oportunidades?

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Oração


Hoje fico-me pelas palavras da Dra. Shefali, porque traduzem a minha intenção.

"Peço de que me libertem da noção de que tenho poder ou jurisdição sobre o espírito do meu filho. Liberto o meu filho da necessidade da minha aprovação, bem como do medo da mina censura. Darei a minha aprovação livremente, pois o meu filho ganhou esse direito. Peço a sabedoria de apreciar a centelha da normalidade do meu filho. Peço a capacidade de não basear o ser do meu filho em notas académicas ou marcos alcançados. Peço a graça de me sentar com o meu filho a cada dia e simplesmente deleitar-me com a presença dele. Peço uma lembrança da minha própria normalidade e a capacidade de me deliciar com essa beleza. Não estou aqui para julgar nem aprovar o estado natural do meu filho. Não estou aqui para determinar que rumo deve tomar a vida do meu filho. Estou aqui como parceiro espiritual do meu filho. O espírito do meu filho é infinitamente sábio e há-de manifestar-se exactamente da maneira que lhe estiver destinada. O espírito do meu filho há de reflectir a maneira em que sou convidado a responder à minha própria essência." (Pais conscientes, Dra. Shefali Tsabary)

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Falas ou comunicas com o teu filho?

O ser humano começa a balbuciar as primeiras palavras geralmente antes de completar um ano de vida. O falar faz parte do nosso dia a dia. Na idade adulta, o nosso vocabulário pode abarcar aproximadamente 80 mil palavras. Falamos muito, sem no entanto conseguirmos muitas vezes expressarmos os nossos sentimentos, as nossas emoções e escutar e compreender as dos outros.

A comunicação é por isso uma arte que vamos desenvolvendo e pode ser sem dúvida uma poderosa ferramenta para o reforço positivo da conexão entre pais e filhos.

Uma comunicação mais consciente, pressupõe clareza, autenticidade, coerência, compreensão e empatia. Deverá ser assertiva, segura, sem agressividade, culpa ou medo. Basta pensarmos um pouco em como gostamos que comuniquem connosco?

Aqui ficam algumas "dicas" para uma comunicação mais consciente:

- Dá-te um tempo: a calma é importante, por isso principalmente em situações mais desafiantes, por vezes é necessário darmo-nos um tempo para respirar fundo. É difícil mas treina-se :) 
- Aproxima-te: Olha nos olhos da criança, desce ao nível dele para conversar
- Fica presente: escuta com atenção e com o coração. Evita interromper
- Pede apenas o que for possível fazer: dizer à criança "Sê corajoso", "Sê extrovertido" é muito teórico. É difícil ser-se algo diferente do que se é.
- Sê objectivo na tua comunicação: "Sê educado" é vago. Dizer: "é agradável quando cumprimentas as pessoas quando chegas" é mais específico.
- Comunica de modo positivo: "coloca os pés no chão" em vez de "não coloques os pés no sofá". É mais eficaz.
- Usa linguagem pessoal: "Eu preciso que fales um pouco mais baixo" em vez de "A mãe precisa que fales um pouco mais baixo". Faz diferença.
- Assume a responsabilidade: o que estás a dizer diz respeito ao outro ou a ti? Ex: "Ouve o que estou a dizer", "Sinto-me irritada contigo".
- Comunica sem pressupostos ou interpretações: "eu sei o que estás a pensar...", "já sei o que vais dizer"
- Evita demasiada interferência: aconselhar, consolar, contar uma história idêntica, manifestar pena, corrigir, encerrar o assunto. Às vezes tudo o que o teu filho precisa é apenas uma coisa: que o escutes!!!

Nota: muitas destas dicas são baseadas na Comunicação Não Violenta, trabalho desenvolvido por Marshall B. Rosenberg há mais de 40 anos. Convido-te a saberes mais sobre o tema!