quinta-feira, 8 de junho de 2017

O teu corpo é o teu templo..,


Passado vários dias consecutivos stressantes e com noitadas de trabalho, lá consegui regressar às aulas de yoga às quais andava a faltar há duas semanas! Com o pouco tempo que tive  e querendo manter todas as tarefas em dia (excepto as minhas :)), nem a prática em casa teve melhor sorte.

Pratico yoga há alguns anos e para além de me fazer sentir melhor física e mentalmente (o que vai muito para além do tempo que passo no tapete),  é particularmente gratificante para mim a consciência corporal que me permite (em especial o Iyengar), a que eu chamaria um verdadeiro "mindfulness corporal".

Ontem, à hora de almoço e apesar de ter muita coisa ainda pendente no trabalho, disse basta! Impus o meu limite e lá sai para a aula. Estava na realidade muito cansada, mas cheia de vontade de ir. Adoro as aulas, a prática, a professora, o ambiente.

Dei o meu melhor como sempre tento fazer, mas algo não fluía. Posturas que faço  habitualmente sem grande dificuldade (e não, não faço na perfeição, tenho muuuuiiiito para aprender e praticar), não resultavam. E eu sentia no meu corpo. Escorregava, doía, faltava o alinhamento. Mas continuei a tentar.

Até que a professora que me observava (e que nada sabia da minha rotina stressante dos últimos dias) me perguntou: "Que se passa hoje Vanda? Estás esgotada, não estás?" e me mandou ir para as cordas descansar - o que na realidade significa ficar pendurada literalmente nas cordas de cabeça para baixo (o que, acreditem, faz maravilhas).

Hoje partilho esta história convosco, porque me ela me fez reflectir muito na magia do nosso corpo. Porque a experiência que eu tive na aula de yoga foi o meu corpo a reagir e a mostrar-me: tu não estás bem. Pára. Descansa. Respira. A vontade estava lá, o esforço físico também, mas o esgotamento da minha mente reflectia-se na consciência do meu corpo, no alinhamento, na fluidez e até na dor.

Quantas vezes nos arrastamos nas fases de trabalho stressante que na verdade não são "apenas uma fase"? Quantas vezes achamos que conseguimos fazer "multitasking" sem repercussões? Quantas vezes só cuidamos dos outros e nos esquecemos de cuidar de nós? E por último: na sequência de tudo isto, quantas vezes escutamos o nosso corpo?

Passamos a maior parte da nossa vida em esforço contínuo, a puxar por nós e pelas nossas capacidades, sem darmos conta que se não cuidarmos de nós, essas capacidades não são as mesmas.

Passamos a maior parte da nossa vida a acumular tarefas, a acreditar que conseguimos gerir tudo, sem darmos conta que na realidade, se não cuidarmos de nós, o focus em cada uma dessas tarefas é menor.

Acreditar que alguém em multitasking é mais produtivo é um mito da era moderna!

E, tal como me aconteceu na aula de yoga, ainda que eu ache que aguento mais e que tenho capacidade para acumular e fazer mais... em alguma coisa, em alguma situação, essa falta do cuidado comigo se vai reflectir. Eu tive a sorte de perceber isso através do meu corpo. E ele foi apenas um sinal da falta de consciência e presença que esse meu cansaço traz aos vários momentos do meu dia a dia.

Se eu não cuidar de mim, não vou ser capaz de trabalhar de forma eficiente e eficaz (mesmo que ache que consigo)!
Se eu não cuidar de mim, não vou conseguir cuidar dos outros da melhor forma!
Se eu não cuidar de mim, não vou conseguir ser a mãe presente que quero ser!