segunda-feira, 16 de abril de 2018

Os quatro acordos na parentalidade


Talvez por mera ignorância ou porque (assim creio) a informação nos chega no momento em que mais precisamos, apenas muito recentemente tive conhecimento do livro “The Four Agreements: A Practical Guide to Personal Freedom”, um livro baseado na antiga sabedoria dos Índios Toltecas. O livro foi escrito em 1997 por Don Miguel Ruiz, um médico cirurgião mexicano que após um grave acidente de viação mudou a direção da sua vida, dedicando-se a partilhar a sabedoria da ancestral cultura tolteca através dos seus livros e conferências por todo o mundo. O livro tem um potencial transformador, na medida em que nos faz questionar aspetos simples mas fundamentais na relação com os outros e connosco. Na minha reflexão pessoal olhei para estes princípios também do ponto de vista da parentalidade e da relação que estabelecemos com os nossos filhos. Partilho convosco esta minha adaptação pessoal dos quatro acordos aplicados à parentalidade:
1.     Seja impecável com a sua palavra.
Fale com o seu filho com integridade. As crianças percebem muito bem quando dizemos uma coisa e agimos de forma contrária. Ou quando dizemos algo em que não acreditamos realmente. Seja cuidadoso nas palavras que dirige ao seu filho, aos rótulos que utiliza. Evite usar a palavra para falar contra si mesmo ou para criar maledicência sobre os outros. O seu testemunho é fundamental na aprendizagem do seu filho. Use o poder da sua palavra na direção da verdade e do amor.

2.     Não tome nada como sendo pessoal
Nada do que o seu filho diz ou faz é “para o testar ou desafiar”. O comportamento revela normalmente necessidades não satisfeitas e muitas vezes é uma projeção das nossas próprias realidades enquanto pais. Basta pensarmos quantas vezes a mesma situação tem uma reação completamente diferente da nossa parte dependendo do modo como estamos ou nos sentimos? Quantas vezes o que está em causa não é o nosso filho ou a situação em si, mas o modo como isso afeta a nossa identidade enquanto pais?
Procure informação e aprendizagem, mas siga a sua intuição de pai/ mãe. O que os outros dizem ou fazem só a eles diz respeito. Quantas vezes atuamos contra a nossa intuição, apenas porque nos sentimos pressionados por crenças sociais, familiares ou pelas opiniões dos que nos rodeiam?

3.     Não faça suposições
Olhe para o seu filho e para as situações com mente de principiante e curiosidade. Tenha a coragem para perguntar e também para expressar o que realmente quer. Comunique de forma clara para evitar mal-entendidos, tristeza e drama. Estabeleça os seus limites de forma clara, mas respeite os limites e emoções do seu filho numa perspetiva de igual valor.

4.     Dê sempre o seu melhor
Se em qualquer circunstância, fizer o melhor que conseguir, evitará autojulgamentos, sentimento de culpa e arrependimento. Mas tenhamos consciência que o nosso melhor vai sempre mudando a cada momento. É diferente quanto estamos saudáveis ou quando estamos doentes, por exemplo. Em cada momento, fazemos o melhor que conseguimos com o conhecimento e as ferramentas que temos. Significa que aceitamos que não somos perfeitos, mas não implica que não tentemos melhorar.


Artigo publicado originalmente em www.mães.pt

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