Acredito que são os professores (e os restantes
colaboradores) que fazem a Escola, seja pública ou privada. Acredito que cada
criança é uma criança e que não existem metodologias ou pedagogias que sejam
perfeitas ou que sirvam a todas de igual maneira. Acredito também que as
experiências que temos são únicas, naquele momento e naquele contexto. Esta foi
a minha!
A minha filha L. tinha 6 meses e eu regressara ao trabalho.
Os avós estavam perto, mas sempre achei que deveriam manter a sua vida ativa,
dando algum apoio, mas sem ficarem dependentes da nova neta que nascia. Na
procura de escolas perto de casa e da empresa, encontrámos (no meio de um
turbilhão de escolas muito bem equipadas e cheias de atividades… mas também
muito barulhentas e confusas!) uma escola simples, com recreio em terra e com
árvores, com poucos brinquedos convencionais, cores suaves e materiais
naturais. No primeiro contacto, observei um grupo de crianças sorridentes em
roda da educadora que cantava e cortava uma maçã à medida que a distribuía.
Senti paz e amor. Senti-me em casa.
Sempre adorei a natureza e aquela escola foi como se
trouxesse um pouco do meu Alentejo e da minha Beira Baixa para o meio da
cidade, mas não era nem sou vegetariana nem conhecia nada da Pedagogia Waldorf.
Podia contar todo o percurso que a L. teve nesta escola
(onde esteve dos 6 meses aos 6 anos) e na escola que se seguiu, também de
inspiração Waldorf (onde esteve dos 6 aos 10). Ela explicar-vos-ia como teve
tempo para brincar livremente; como aprendeu a respeitar e a cuidar da
natureza; como aprendeu a inventar brincadeiras do nada; como se sentiu livre a
subir às árvores, a brincar na areia ou a passear na floresta; como se sentiu
criativa nos projetos que fez, como aprendeu a acordar o corpo com as “rodas da
manhã” e a agradecer as refeições feitas com os produtos da horta; como
aprendeu sem TPCs obrigatórios e sem testes até ao 4ºano e como se sentiu
acompanhada e amada pelos professores e colaboradores da escola.
Mas hoje a voz é minha… quero contar-vos o que eu aprendi enquanto
mãe.
Aprendi a viver com mais calma o crescimento da minha
filha, a celebrar cada etapa e a não querer apressar nada. Aprendi eu própria a
viver com maior tranquilidade, a saber olhar de novo para mim, para a criança
que fui.
Aprendi a viver mais no momento presente e a pensar “o que
quero para a minha filha agora”, sem me preocupar tanto com o que aconteceria
no futuro.
Aprendi que os professores, tal como cada ser humano, não
são “perfeitos”, mas que quando se ensina por e com amor, tudo vai fluindo a
seu jeito. Aprendi a confiar e a ajudar quando a estrutura da escola não era de
longe a que eu esperava e a celebrar por cada raiz criada e etapa ultrapassada.
Aprendi que é possível viver sem o stress dos inúmeros
trabalhos de casa e da exigência dos testes e ainda assim ter uma avaliação
individual, profunda, holística do desenvolvimento da minha filha. Aprendi que
é possível frequentar uma escola Waldorf e ter uma adaptação tranquila ao
ensino “tradicional”
(Re)Aprendi a viver a magia, o sonho, a natureza, a beleza
das coisas simples e aprendi, acima de tudo, a confiar na minha intuição.
Texto originariamente publicado na plataforma http://www.maespontopt.pt
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