quinta-feira, 18 de maio de 2017

Ser melhor mãe (e pai) é também saber parar...

Como é que posso parar se tenho tanto que fazer?
Como posso ficar em silêncio com tanto barulho à minha volta?
Como posso desligar o telemóvel se tenho que me manter contactável para trabalhar?
Como posso sair uns dias de casa se os miúdos são ainda pequenos?
Como posso faltar ao trabalho se estou com tantos projectos e responsabilidades em mão?
Como posso relaxar se sou eu que faço a comida, ponho a roupa a lavar, arrumo a casa, ajudo nos TPCs?...

Tantas vezes que me fiz estas e outras perguntas! Tantas vezes que me pareceu "impossível" abrandar o ritmo. Tantas vezes que achei isso um pequeno luxo de "quem não tem nada que fazer"!

Até que realizei:

Que estava tão esgotada no trabalho que já não tinha capacidade de focus...
Que me sentia tão absorvida pelas tarefas domésticas que me sentia revoltada por dentro...
Que queria estar sempre contactável mas que 50% das vezes ia instintivamente ao telefone só para ver "as novidades"...
Que não queria deixar a minha filha sozinha com medo que sentisse a minha falta, mas que ao divorciar-me me vejo obrigada a estar dias seguidos sem ela...
Que não posso faltar ao trabalho porque estou numa fase de muitos projectos, mas que a seguir a essa fase vem outra fase e outra e outra...
Que não quero deixar a minha família para estar sozinha a fazer algo que gosto para mim, mas que se tiver que estar fora em trabalho numa reunião internacional de uma semana, lá vou eu...
Que me queixo de não ter silêncio mas que na verdade ele me incomoda porque me obriga a olhar para dentro...
...

Passei os últimos 5 dias em silêncio e sem contacto com qualquer meio social.
Foram 5 dias como podia ter sido 1 dia, 1 hora ou até 5 minutos.
Foi num mosteiro como podia ter sido na aldeia dos meus avós, no parque da cidade ou sentada no meu carro.
Sei que a minha vida não é em silêncio, nem fechada num mosteiro. A vida é mágica e é para ser vivida em todo o seu esplendor. Mas é no contacto com os outros e com o nosso dia a dia, que o desafio de nos mantermos presentes e conscientes é maior! E cada vez tomo mais consciência que se eu não estiver bem comigo, não consigo estar bem para os outros. Que se não encontrar o que preciso dentro de mim, vou viver constantemente na expectativa de encontrar isso nos outros.

Já disse num post anterior que quando não paramos nós, a vida encarrega-nos de parar. 

Nem sempre preciso de 5 dias para me sentir mais consciente e presente (uffa! E ainda bem!). Às vezes basta uma hora, outras vezes cinco minutos. Regresso sempre melhor. Comigo e com os outros.

Nem sempre é impossível. Nem sempre é um luxo. Mas é sempre uma questão de escolha.

Sem comentários:

Enviar um comentário