sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Tablets, Smartphones e afins


Um amigo confessou-me no outro dia que finalmente tinha entendido aquilo que sempre observou e criticou no seu filho de 15 anos: o porquê de estar constantemente ao telemóvel! Apenas recentemente, quando o meu amigo estabeleceu uma relação próxima com uma pessoa que vivia longe (acabando por manter um contacto mais frequente através de mensagens e what’s app com essa pessoa) conseguiu identificar o impacto que esta experiência teve nele. Tal como ele me desabafou: fisicamente estou só como antes, mas sinto-me mais acompanhado que nunca.
Na sua opinião, quando os jovens estão atentos ao smartphone, não estão a focar a sua atenção no objeto em si, mas sim às pessoas que estão atrás: aos seus amigos. Desse modo, eles sentem-se sempre em contacto com eles. Lado a lado. A sua existência, a sua noção de Ser em sociedade, está diretamente conectada com a relação com os seus amigos.
Esta observação fez-me refletir, até porque “o meu filho passa o tempo à volta do telemóvel” é uma das queixas que mais oiço através dos pais que vou acompanhando.
Os estudos em relação ao uso das novas tecnologias são diversos e díspares: se uns apontam para alguns benefícios como a melhoria da visão, o aumento da concentração e o desenvolvimento da aprendizagem, outros referem a relação com comportamentos impulsivos, problemas de concentração e a criação de dependência.
Pela observação que faço das crianças e adultos que conheço, consigo detetar parte destes benefícios, mas também os seus perigos. E como em tudo: depende sempre de quem, do quando, do onde, de quanto tempo e a fazer o quê?
E se há aspetos que para mim são perentórios, nomeadamente o facto de considerar que crianças de tenra idade não devem ter acesso a estas tecnologias ou o facto de não deverem ser utilizados na hora de deitar e durante a refeição, outros aspetos há que na minha opinião podem e devem ser ponderados antes de qualquer julgamento. Aqui ficam alguns dos meus pontos de reflexão:
- Analise os seus hábitos (e os de toda a família)! Quanto tempo passa ao telefone ou no tablet? Em que situações? As crianças seguem o que os adultos fazem e na maior parte dos casos que conheço os pais são os primeiros a confessarem-se dependentes destas tecnologias. Muitas vezes usando o escudo de que “precisam de trabalhar”. A mudança tem que ser familiar.
- Se a criança passa muito tempo ao telefone, tablet ou computador, avalie que necessidades estão por trás deste comportamento: reconhecimento, conexão com os amigos, novidades e exploração? Podem ser respondidas de outra forma alternativa?
- Antes de julgar, seja curioso: tente (de forma suave!) demonstrar interesse pelo que ele está a fazer. Faça perguntes, Veja ou jogue com ele.
- Entenda as necessidades do seu filho mas estabeleça os seus próprios limites, que devem ficar claros.
Em suma: as novas tecnologias têm esta capacidade de nos aproximar dos amigos que estão mais longe mas de por vezes nos afastar dos que estão mais perto. Têm benefícios e desvantagens, é tudo uma questão de equilíbrio. Essa noção de equilíbrio deve ser conversada em família, entendendo as necessidades e estabelecendo limites. Com curiosidade e sem julgamento.

(artigo original publicado na plataforma mães.pt)

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