Os pais que somos e os que queremos ser. Reflexões de um caminho pela Parentalidade Consciente.
quarta-feira, 12 de abril de 2017
Olha para mim quando falo contigo!
Sendo este um blog sobre parentalidade, seria normal pensar que a frase do título se refere às inúmeras situações em que queremos comunicar com os nossos filhos e eles viram o olhar. Não!
Hoje esta frase diz respeito a ti! E a mim, claro! Hoje esta frase é um apelo directo do teu filho, para que o olhes quando fala contigo!
Já falámos aqui sobre como uma comunicação consciente pode reforçar a conexão e continuo a ouvir muitas "queixas" e dúvidas sobre o diálogo entre pais e filhos. A maior parte delas é de pais que dizem que os filhos não escutam ou não falam, mas hoje quero dar a perspectiva das crianças. Estudos indicam que apenas 50% das crianças com 11 anos classificam a comunicação em casa como positiva. Por volta dos 15 anos essa percentagem baixa para 30%. É um sinal muito significativo que algo na comunicação em família tem que mudar! E se nos começarmos a questionar a nós em vez de questionarmos os nossos filhos?
O meu filho não me olha quando falo com ele! - E tu olhas-lhe nos olhos quando ele fala contigo?
O meu filho está sempre distraído e não me escuta! - E tu, páras o que estás a fazer e dás-lhe plena atenção quando ele quer falar contigo?
Tenho que repetir mil vezes até me prestarem atenção! - E quantas vezes tem o teu filho que te chamar até tu prestares atenção?
O meu filho é muito fechado e não diz o que sente! - E tu permitiste essa expressão de sentimentos quando ele era pequenino? E tu? Expressas o que pensas, sentes e necessitas com clareza?
O meu filho não conversa com ninguém lá em casa! - E a família tem momentos de conversa? Como conversam os pais entre eles?
O meu filho tem uma comunicação muito agressiva! - E como é a comunicação entre os outros membros da família? Que necessidades ou emoções podem gerar esse comportamento?
O meu filho não fala mas passa horas ao telemóvel! - E quantas horas passas tu ao telemóvel?
Quando questionares como podes comunicar melhor com o teu filho, a resposta é simples: pensa como gostas que comuniquem contigo! Com conexão, próximo de ti, olhos nos olhos, com atenção e presença e sem julgamentos.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Quando não paras tu... a vida faz-te parar!
Empurramos a vida para a frente... porque tem que ser!
Cumprimos as rotinas, gerimos expectativas... preparamos as roupas, cozinhamos as refeições, fazemos as compras... fazemos os relatórios, respondemos aos e-mails, trabalhamos ao serão... porque tem que ser!
Queremos ser as mulheres, profissionais, esposas, mães, filhas, amigas perfeitas... porque tem que ser!
A simples ideia de tirarmos um tempo para nós, para descansar o corpo e a mente, para nos nutrirmos, para nos cuidarmos, parece impensável e ainda causa mais stress! O cuidar de nós acaba por ficar para último na lista das nossas prioridades... ou pelo menos das nossas acções!
Não "tem que ser"! A vida é complicada, mas nós complicamos ainda mais! A vida traz-nos desafios, mas nós criamos ainda mais limites! A vida cria expectativas, mas nós preocupamo-nos demais com elas! A vida avança depressa, mas nós não vivemos o momento! A vida pede-nos para parar, mas nós arranjamos todas as desculpas para não o fazer!
Sabemos que só cuidando melhor de nós conseguimos cuidar melhor dos outros. Sabemos que parando um pouco, tudo o resto flui melhor. Mas parar é difícil.
Ontem, enquanto trabalhava um pouco no computador, a L. perguntou-me se eu tinha um tempo para me mostrar uma coisa. Guiou-me até uma zona do jardim, onde me tinha preparado um verdadeiro SPA! Lavou-me as mãos, pés e rosto com água perfumada com flores e fez uma massagem com creme hidratante. Escovou os meus cabelos e entrançou-os! E eu relaxei e deixei-me ir, aproveitando cada momento.
Sei que ando mais cansada, mais tensa e com menos paciência. Sei que o cuidar de mim não tem sido prioridade nos últimos tempos. Sei que tenho que abrandar o ritmo. E a vida mostrou-me isso!
Quando não paras tu, a vida faz-te parar! De várias maneiras e de forma mais ou menos radical e intensa!
Eu tive a sorte da vida me lembrar que tenho que abrandar através de umas doces mãos de 11 anos a cuidar de mim...
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