Talvez
por mera ignorância ou porque (assim creio) a informação nos chega no momento
em que mais precisamos, apenas muito recentemente tive conhecimento do livro “The Four Agreements: A Practical Guide to
Personal Freedom”, um livro baseado na antiga sabedoria dos Índios Toltecas.
O livro foi escrito em 1997 por Don Miguel Ruiz, um médico cirurgião mexicano
que após um grave acidente de viação mudou a direção da sua vida, dedicando-se
a partilhar a sabedoria da ancestral cultura tolteca através dos seus livros e
conferências por todo o mundo. O livro tem um potencial transformador, na
medida em que nos faz questionar aspetos simples mas fundamentais na relação
com os outros e connosco. Na minha reflexão pessoal olhei para estes princípios
também do ponto de vista da parentalidade e da relação que estabelecemos com os
nossos filhos. Partilho convosco esta minha adaptação pessoal dos quatro
acordos aplicados à parentalidade:
1.
Seja
impecável com a sua palavra.
Fale com o seu filho com integridade. As
crianças percebem muito bem quando dizemos uma coisa e agimos de forma contrária.
Ou quando dizemos algo em que não acreditamos realmente. Seja cuidadoso nas
palavras que dirige ao seu filho, aos rótulos que utiliza. Evite usar a palavra
para falar contra si mesmo ou para criar maledicência sobre os outros. O seu
testemunho é fundamental na aprendizagem do seu filho. Use o poder da sua
palavra na direção da verdade e do amor.
2.
Não
tome nada como sendo pessoal
Nada do que o seu filho diz ou faz é “para
o testar ou desafiar”. O comportamento revela normalmente necessidades não
satisfeitas e muitas vezes é uma projeção das nossas próprias realidades
enquanto pais. Basta pensarmos quantas vezes a mesma situação tem uma reação
completamente diferente da nossa parte dependendo do modo como estamos ou nos
sentimos? Quantas vezes o que está em causa não é o nosso filho ou a situação
em si, mas o modo como isso afeta a nossa identidade enquanto pais?
Procure informação e aprendizagem, mas siga
a sua intuição de pai/ mãe. O que os outros dizem ou fazem só a eles diz
respeito. Quantas vezes atuamos contra a nossa intuição, apenas porque nos
sentimos pressionados por crenças sociais, familiares ou pelas opiniões dos que
nos rodeiam?
3.
Não
faça suposições
Olhe para o seu filho e para as situações
com mente de principiante e curiosidade. Tenha a coragem para perguntar e também
para expressar o que realmente quer. Comunique de forma clara para evitar
mal-entendidos, tristeza e drama. Estabeleça os seus limites de forma clara,
mas respeite os limites e emoções do seu filho numa perspetiva de igual valor.
4.
Dê
sempre o seu melhor
Se em qualquer circunstância, fizer o
melhor que conseguir, evitará autojulgamentos, sentimento de culpa e
arrependimento. Mas tenhamos consciência que o nosso melhor vai sempre mudando
a cada momento. É diferente quanto estamos saudáveis ou quando estamos doentes,
por exemplo. Em cada momento, fazemos o melhor que conseguimos com o
conhecimento e as ferramentas que temos. Significa que aceitamos que não somos
perfeitos, mas não implica que não tentemos melhorar.
Artigo publicado originalmente em www.mães.pt
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